sábado, 13 de setembro de 2014

em 32 linhas

queimei minha mão de café.

e não há muito mais pra dizer ou sentir por hoje,
além desse ardor e 
do amargo 
do pouco que não derramei no chão...

tem ainda, talvez,
o cigarro 
que me queima a garganta

e o peito
que me traga
tempo
a cada verso,
volta depois volta
desse relógio quebrado que faço de mim.

penso que não poderia amar nada além desse tédio,
e dessa solidão que me queima 
a vida
quieta e constante, 
feito café quente de manhã.

penso que poderia amar muito mais que isso,
se me importasse em saber qualquer coisa sobre amor.

mas tudo é silencio,
até o que não é, é silencio.

casa vazia,
céu,
noite
e estrela,
música ecoando. tudo é silencio...

e a mão, continua ardendo quieta, do café que derrubei,

e já é uma da manhã...

nunca tenho nada para dizer além disso.  mas até aqui, tudo bem. 

amaria o teu café de manhã. 

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

L.C.Q.

vê se te alimenta direito,
e dorme na hora certa,

tenta beber menos 
e não inventa de começar a fumar,
que isso só vai te fazer mal.

e se acaso ficar doente
vai ao medico e toma os remédios.

deixa a barba às vezes
que ela fica linda nessa tua cara de sono,

e sorri mais nas fotos
que você não é assim, tão sério.

e se acaso cair,
fica no chão
só o tempo de lembrar como é bom ficar de pé.

aprende que nada é permanente,
e que chorar é quase sempre muito vão.

e me desculpa as portas trancadas,
mas quando der
quem sabe eu até te faça um café...

por hora,
a casa é minha e eu aumento os muros o quanto eu quiser.

que é pra ninguém mais entrar,

e eu ter de onde saltar,
quando me der na telha de voar...

adota um cachorro 
plantas umas flores no jardim,

sai da internet
e não compre um relógio,

deixa o vento bater no seu rosto,
e aprende que é bom andar na garoa 
sem porquê 
ou  guarda-chuva,

abre as janelas da sala
e se der 
as do peito também,

se cuida,

que eu te amo,

mas amanhã vai fazer um sol quente pra caramba,
e eu quero passear.