uns poucos minutos do último cigarro do maço,
o vapor do chuveiro,
o pátio da escola,
a rua,
a lua,
a lua,
a ponte
os carros
o mato,
e o tempo quente,
e o tempo quente,
a casa que pegou fogo mês passado,
a gata que deu cria...
tudo é tempo
a diluir,
e ir.
enlouquecer talvez seja a única coisa que ainda me reste,
não tenho mais nada a dizer, enlouquecer talvez seja a única coisa que ainda me reste,
calma e elegantemente,
como se nada fosse...
mas não há nada de elegante nisso,
ou em mim,
nem no tédio
ou nos cigarros...
como se nada fosse...
mas não há nada de elegante nisso,
ou em mim,
nem no tédio
ou nos cigarros...
sobre as minhas pequenas neuroses, que já não tenha dito antes.
não; ser estúpida é o que ainda me resta,
calma e elegantemente,
como se nada fosse.
o vento que entra pela janela,
o despertador,
os livros
cortinas brancas,
fumaça e café... tão igual.
sou produto inalterável
e irresponsável
de mim mesma.
poesia barata a escrever e amassar.
tem uma beleza sútil em todo tédio e solidão
tão sutil,
que me percorre cada osso e pêlo do corpo.
eu deveria um dia desses
sair para comprar cigarros,
e não voltar mais.
descer a serra
comprar daquela tua cerveja aguada
colocar os pés e o tempo na areia,
enlouquecer na praça,
alimentar os pombos,
e morrer de fome e amor em qualquer viela...
uhum;
simplesmente sair para comprar cigarros, morrer de amor e enlouquecer.