terça-feira, 29 de janeiro de 2013

sobre nada

tenho me perguntando sobre todas essas coisas,

e como resposta, 
tenho apenas recebido um punhado ou dois de outras perguntas... 

a incerteza não me é nada estranha, ao contrário, 
ela já se fez grande amiga das minhas inquietações, janta e dorme todas as noites comigo.

mas me sobe um medo enorme pela garganta,
algo como uma ânsia antecipada,
por uma comida estragada que nem jantei ainda, ou qualquer coisa assim...

metáforas não tem sido o meu forte ultimamente.

não deveria ter do que me queixar,
não, eu não devia me queixar.
vinte e dois anos e um bom e estável emprego.

o problema todo está nessa tal estabilidade...

eu tenho escrito e vivido mal pra caramba,
escrito muito  mais, do que vivido qualquer coisa na verdade,
e bem sei que isso é um erro bem pior que a minha ortografia ruim...


e há sim, eu sei,
problemas maiores mundo a fora,
há sim pessoas mais fodidas, mas muito mais fodidas, do que eu.

e eu certamente as enxergaria se colocasse o meu pezinho pra fora dessa casa...

o pezinho pra fora dessa casa...

no fundo eu sei que bastaria apenas isso,
e talvez um pouco menos, do velho  mi mi mi de sempre.

um pezinho e depois o outro,
é assim, né?

sábado, 26 de janeiro de 2013

navegante

eu continuo aqui, a deriva de mim.

o barco do que sou navega

pelo mar de mim,
e só de mim.

todos os outro  já deixaram o porto,

todos os outros já naufragaram mar a fundo,

todos os outros já navegaram

e afogaram mar e vida.

todos os outros...


eu não.


permaneço aqui a deriva de mim,

e só de mim.

o barco do que fui

me navega,
e afoga.

todos os outros já se foram...


todos os outros já navegaram  tempestade,

todos os outros foram navios piratas, cruzando oceanos.

todos os outro  já deixaram o porto,
todos os outros já naufragaram.

todos os outros já se foram...


todos os outros, não sou eu.

o barco do que sou 

me navega
e apenas navega.

o barco do que sou ...


também já se vai.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

das páginas rasuradas

#4

tenho as paredes da casa,
o teto
e o chão.

tenho as paredes do peito,
o teto 
e chão.

e, é só.
sem móveis ou visitas, ou até mesmo baratas...

o vazio, é mesmo, uma das sensações mais ardentes e patéticas.

tenho me confessado aos meus botões... e até mesmo eles já estão de saco cheio disso.

talvez eu pegue a mochila e dê o fora daqui e de mim.

mas dar o fora não é nada pratico,
e eu tenho me amarrado a uma vidinha muito prática,

sem duvida, que tenho... 

e não é uma questão de baixa autoestima, ou algo do tipo,
mas tenho me sentindo muito mais burra do que o de costume,

e eu sempre fui arrogante demais,
pra não saber que eu sou inteligente pra caramba.

(não me crucifiquem pela falta, de falsa modéstia).

mas todo mundo que eu conheço é inteligente
e bem resolvido pra caramba,

numa boa, acho isso um saco...

e tomara que eu morra mal resolvida...

meus botões terão que aguentar. 

firmes
na camisa!

ah...
e como terão que aguentar.

o teto, o peito
e o chão,
sem móveis ou visitas, mas talvez uma ou duas baratas...

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

e arrebente...

é certo e de tão certo,  
que eu sei que vou me envelhecer, 

quietinha no meu canto.


a canção que toca, 

é um silencio grande,

e de tão grande,

pequena eu fico a escutar.

vazia estou

aqui 
e dentro de mim,

mas não há de entristecer,


e tecer-me assim o verso,

vou não,

de tristeza em tristeza, já aborreci.


palavra por palavra,

e lá se vai boa parte do meu peito...

e o tempo...


tanto e tanto tempo...


todo o tempo,

que cabe,
me escorrendo pelo dedo,

e o medo que sobe...


faz de mim,

pouco
ou muito menos.

sei de mim...


pouco ou muito menos...


é certo e de tão certo,  
que vou me envelhecendo,

até que o peito me arrebente.