quarta-feira, 31 de outubro de 2012

mimimimi

a minha vida é realmente um saco,
e eu não sei mais o que escrever

eu deveria gritar agora,
mas seria um ato indelicado para com os meus vizinhos,

mas eles nem sabem o meu nome,
e que fique assim...

eu deveria fazer alguma coisa,
mas eu não faço,

eu deveria querer 
querer 
qualquer coisa,

mas eu não quero

eu deveria gritar,

mas como se faz isso?

me deixe escrever as minhas merdas
quieta no meu canto.

daqui a dez anos  ninguém vai se lembrar de nada do que eu escrevi mesmo...

e se eu tiver sorte eles continuarão 
não sabendo o meu nome.

sim, sim,
se eu tiver alguma sorte...

meus vizinhos continuarão idiotas completos,
eu eu também.

bonito isso...

continuarei escrevendo merda,
quieta no meu canto.

realmente, é bonito isso...

explosions in the sky

o vestido sujo de tinta,
o maço vazio ao lado do livros amarelados.

a vida manchada de vazio do lado das folhas amassadas.

tudo tão igual,

a vida explodindo na minha cabeça.

deixe que evapore quando a chuva secar...

a vida explodindo no meu peito,
o silencio tocando 
feito música,

o vestido,
vestido de corpo e tinta,
verso folha e 
vazio,

poesia é o quê?

entre o lirico e o ordinário
verso 
folha
hora, data
banalidade é poesia...

e o tempo,
serve pra quem?

e meus dedos,
são pra quê?

deixe que a vida exploda quando o sol secar...

vestido
vestido de tinta,
corpo e alma,

e o meu peito,
é o quê?

aqui dentro 
e lá fora,

pra me fazer explodir 
e evaporar,
depois que a chuva
o sol secar.

a vida explodindo na minha cabeça...

e meu peito,
serve pra que?

a vida tão mais bonita,
explodindo na minha cabeça...
a vida é estranha pra caramba,
e até ai tudo bem, 

e não há novidade nenhuma em nada,

mas de um jeito ou de outro você deve ficar bem.

aperto os olhos tentado ler,
as placas de
pare,
siga
e vire a esquerda.

mas não leio e não viro...

a estrada é muito mais longa do que eu posso supor.

e não suponho mais nada.

joguei minhas certezas no lixo,
junto com o meu último maço vazio de cigarros.

e todo vazio,
que me permanece aqui,

guardo pra tragar mais tarde.

e nem ligo mais...

você deve ficar bem de algum modo...

as mesmas musicas tocando só na minha cabeça,
e eu dançando,
só, no meio da sala.

não ligamos pra isso também.

você deve ficar bem de alguma maneira.

sim, sim.

na primeira oportunidade,
a vida 
lhe pregará uma bela peça.

irá te acertar por traz e te derrubar...

mas você deve procurar ficar bem de algum modo.

tirar a poeria da barra das tuas calças, 
e só.

simplesmente ignore as placas de "pare" na sua cabeça,
e siga.

nada vai ficar bem...

apenas ignore e acelere, o que ainda  há de vida no teu peito.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

abismos delicados

- 450 reais emprestados.
- ah sim.
- pode?
- posso...

me diz o que eu não posso?

meu tempo e a minha paciência,
já desceram pelo ralo a muito tempo.

meu emprego é uma porcaria,
e o meu quarto tem me parecido absurdamente abafado...

essa vida também.

as folhas em brancos,
me parecem ainda mais brancas,


e esse não é um texto fácil de se escrever.

nunca é um texto fácil de se escrever,
mas é preciso.

há algo querendo explodir em mim.

não.

há algo que já explodiu em mim faz tempo...

meus versos,
são os estilhaços dessa explosão.


de um certo ponto de vista todo abismo é muito confortável
e quase irresistível.

mas não hoje...

to de saco cheio de reclamar,

eu não sou uma menininha mimada e carente assim.

sempre tive um puta orgulho dos meus tênis quase encardidos,
dos meus jeans rasgados,

e de ter passado  todo o ensino médio,
escrevendo poesia
enquanto as meninas da minha sala reclamavam dos seus namorados chatos...

sempre tive um puta orgulho de nadar contra corrente.

mas tudo isso é bobagem também.

a corrente em qual se nada é irrelevante, 
e acredite ou não, te levará ao mesmo rio deles.

com pessoas a te pedir dinheiro, ao mesmo tempo que te ignoram,

empregos medíocres,

e amores menores do que qualquer amor deveria ser.

e eu  definitivamente não quero essa vida,
das pessoas que me pedem dinheiro,
e amam pela metade.

tão pouco quero essa minha vidinha,
de quem pula de uma ladainha a outra.

se é para pular, que seja do precipício mais alto,
em uma queda linda e intensa,
e de cabeça
e em todo amor que houver nessa vida.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

céu

o céu  estrelado,
como há muito tempo não era....

e muito tempo não é nada.

toda medida é vã, 
e inexata ao coração.

fumava um cigarro na esquina 
perdida em mim
olhando o céu e as estrelas.

um cara passa e diz qualquer coisa sobre saúde e jogar a vida fora...

não quero mais escrever sobre essas coisas.

tem qualquer coisa de muito certa ou errada em mim,
que me faz arder e perder no peito...

não quero mais escrever sobre isso também.

como as coisas foram se perder assim?...

o vento soprando, bagunça meus cabelos,
me espalha as angústias
e a fumaça do cigarro pelo ar, em uma dança serena e triste...

como fui me perder assim?

eu me espalho pelo ar...

desisti de mim há muito tempo atrás,
isso não é triste, nem é alegre, 
é apenas como é.

não me importo em ser uma pessoa feliz ou infeliz.

tudo em nós é transitório e mutável demais.

e esse céu que é tão menor ou tão maior, que eu e você...

meu amor há de ser finito e infinito assim...

há de caber em algum lugar da tua estante. ou em lugar nenhum...

hei de caber em algum lugar da minha estante.  ou em lugar nenhum.

toda medida é vã,  e inexata ao coração...

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

tardes de sol meio frio

é confortável  fumar no banheiro,
escutando o barulho da água que cai do chuveiro,

e os pensamentos que me escorrem um a um,
ralo abaixo,
não são assim tão confortáveis.

existir não é nada confortável.

há  uma calma de morte nessas tardes de sol meio frio.

... e é tão difícil descrever.

tristeza pode ser algo extremamente viciante,
entornam-se 
pequenos copos dela, e pronto.

há uma beleza de morte nisso tudo.

nas tardes vazias, nos versos rasurados,
nos seus cigarros apagados, jogados na privada,

há uma beleza de morte em tudo em nós.

sonho com casas coloridas e janelas bem abertas,
beijos longos, e noites calmas...

uma vida,  não tão diferente da vida, de qualquer outro por aí:
alegremente triste, 
com tardes de sol meio frio a me aquecer.

domingo, 14 de outubro de 2012

os dois últimos cigarros no maço,
me queimam, no que eu ainda hei de tragar de solidão...

rodopiamos todos,
tontos,
e meio ocos,
ao rés do mundo...

não há o que se possa fazer.
se não rodar e rodar,
cair,
levantar,
e rodar e rodar outra vez.

a vida é um quase nada
muito cheio
e muito oco

o que somos nós?...

muitos cheios,
e muitos ocos...

apaixonados e carentes, de nós mesmos.

os dois últimos cigarros no meu maço,
me esvaziam,
no que ainda hei de queimar e tragar 
de mim...

a vida é um quase nada,
muito cheio
e muito oco,

queima e me apaga, a noite e o verso.

me traga os cigarros e o peito.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

00:34

me lembro de mim relendo os teus versos,
e tudo que passou,
e se foi.

é igual.

eu não.

minhas virgulas, reticencias, pontos e acentos,
sempre tão errados.

me rabiscam em uma saudade imensa do que já não sou...

na calmaria do meu peito,
há uma bomba prestes a me explodir,

o que eu fiz de mim,
é tão ralo,
e tolo,

todas as minhas janelas esquecidas abertas...

me encascaram a cara,
e alma,
lavada,
torcida e retorcida como a um pano velho,

pra me limpar,
ou espalhar,
o que transborda e se escorre de mim,
pelo chão.

poderia adormecer
acordar
e sonhar um milhão de vidas,
e ainda assim
dormindo estaria.

as cinzas dos meus cigarros,
as folhas e os versos
amassados
pelo chão,
me queimam e cortam a garganta e o coração,

já não faz diferença,
esquecer ou guardar...

meus dias são todos iguais outra vez.

meus versos também.

na calmaria do meu peito,
há um verso,
feito bomba a me explodir.


e eu nem ligo mais pros estragos...

sábado, 6 de outubro de 2012

eu tava conversando com um amigo, que não via a meses, na rua esses dias,
nada demais, só os mesmos assuntos de sempre...

me falou sobre morar sozinho, saraus de literatura, pessoas que não vejo faz tempo,
empregos, faculdade, e sobre o tédio que isso tudo gera, etc, etc.

fico pensando nisso tudo agora, fumando meu Marlboro, escondida no banheiro. não tem como ser mais patético que isso, 
maior de 21 fumando escondida no banheiro de casa um cigarro que você comprou com a sua própria grana... 

fico pensando nessa minha vidinha estagnada...

e não chego a qualquer conclusão.

pouca coisa tem me acontecido, e o que tem acontecido nem me vale uma linha.

parei de escrever.

sim, parei.

sabe esse amigo meu, escreve também,
o sonho dele é ser escritor, acho que é pelo menos...

nunca sonhei em escrever ou ser merda nenhuma, 
sou e escrevo qualquer coisa e ponto...

mas não tava falando disso...

tava aqui pensando que faz tempo que não escrevo nada realmente.

escrever é sentir-se,
é ir bem no fundo de si mesmo,
dar um tiro bem no meio do peito, 
agonizar
morrer, 
e depois renascer 
só pra se matar de novo mais tarde.

não é bonitinho,
nem feio
isso de escrever...

você faz pra mostrar que tá vivo afinal de contas,
só isso.

e como não me sinto assim faz tempo,
só rabisco, e não escrevo nada

fico pensando nisso tudo enquanto fumo meu Marlboro no banheiro,
devia  parar de ficar fazendo propaganda pra marca,
se fosse uma escritora famosa talvez ainda descolasse uns maços de graça, mas como não sou...

fico divagando e tragando,
o cigarro até quase chegar no filtro.

to com o saco cheio, muito cheio,
de tudo nessa cidade,
de saco cheio de tudo em mim também...

e mesmo que fosse outra pessoa, que não eu, 
em qualquer outra lugar,  que não aqui,
ainda sim, 
estaria de saco cheio,  bem sei que sim.

jogaria conversa fora com qualquer um,
e depois fumaria um cigarro do mesmo modo que agora...

eu saiu do banheiro,
com o gosto do cigarro ainda na boca,
e uma puta vontade de escarrar qualquer coisa no papel,

pego o celular, e vejo umas trocentas ligações perdidas do Lucas... e esqueço o que eu queria escrever.

ele sempre me faz esquecer...

não falo com ele a quantos dias? uns dois ou três mais ou menos.

não tenho falado com ninguém faz tanto tempo...

às vezes chego a esquecer como e pra quê se faz isso.

já passa da meia noite,
olho pro celular de novo, e não tem  nada, 
nem mensagem, nem ligação perdida de mais ninguém... 

e não faz diferença também.

toda a filosofia que eu tava guardando pra esse texto, a essa altura já era...

mas filosofia não serve pra muita coisa  mesmo...

é foda.

putz... era isso que eu queria escrever esse tempo todo:
é foda.