sábado, 6 de outubro de 2012

eu tava conversando com um amigo, que não via a meses, na rua esses dias,
nada demais, só os mesmos assuntos de sempre...

me falou sobre morar sozinho, saraus de literatura, pessoas que não vejo faz tempo,
empregos, faculdade, e sobre o tédio que isso tudo gera, etc, etc.

fico pensando nisso tudo agora, fumando meu Marlboro, escondida no banheiro. não tem como ser mais patético que isso, 
maior de 21 fumando escondida no banheiro de casa um cigarro que você comprou com a sua própria grana... 

fico pensando nessa minha vidinha estagnada...

e não chego a qualquer conclusão.

pouca coisa tem me acontecido, e o que tem acontecido nem me vale uma linha.

parei de escrever.

sim, parei.

sabe esse amigo meu, escreve também,
o sonho dele é ser escritor, acho que é pelo menos...

nunca sonhei em escrever ou ser merda nenhuma, 
sou e escrevo qualquer coisa e ponto...

mas não tava falando disso...

tava aqui pensando que faz tempo que não escrevo nada realmente.

escrever é sentir-se,
é ir bem no fundo de si mesmo,
dar um tiro bem no meio do peito, 
agonizar
morrer, 
e depois renascer 
só pra se matar de novo mais tarde.

não é bonitinho,
nem feio
isso de escrever...

você faz pra mostrar que tá vivo afinal de contas,
só isso.

e como não me sinto assim faz tempo,
só rabisco, e não escrevo nada

fico pensando nisso tudo enquanto fumo meu Marlboro no banheiro,
devia  parar de ficar fazendo propaganda pra marca,
se fosse uma escritora famosa talvez ainda descolasse uns maços de graça, mas como não sou...

fico divagando e tragando,
o cigarro até quase chegar no filtro.

to com o saco cheio, muito cheio,
de tudo nessa cidade,
de saco cheio de tudo em mim também...

e mesmo que fosse outra pessoa, que não eu, 
em qualquer outra lugar,  que não aqui,
ainda sim, 
estaria de saco cheio,  bem sei que sim.

jogaria conversa fora com qualquer um,
e depois fumaria um cigarro do mesmo modo que agora...

eu saiu do banheiro,
com o gosto do cigarro ainda na boca,
e uma puta vontade de escarrar qualquer coisa no papel,

pego o celular, e vejo umas trocentas ligações perdidas do Lucas... e esqueço o que eu queria escrever.

ele sempre me faz esquecer...

não falo com ele a quantos dias? uns dois ou três mais ou menos.

não tenho falado com ninguém faz tanto tempo...

às vezes chego a esquecer como e pra quê se faz isso.

já passa da meia noite,
olho pro celular de novo, e não tem  nada, 
nem mensagem, nem ligação perdida de mais ninguém... 

e não faz diferença também.

toda a filosofia que eu tava guardando pra esse texto, a essa altura já era...

mas filosofia não serve pra muita coisa  mesmo...

é foda.

putz... era isso que eu queria escrever esse tempo todo:
é foda.

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