quarta-feira, 12 de setembro de 2012

rompi com os livros,
e filosofias 
que me bagunçavam a mesa,

estorvos de tudo que eu já não sou,
fui 
ou
serei.

não sei, não sei...

rompi com o tédio que me vigiava a cabeceira e a cama.

me restaram folhas e folhas por amassar e rasgar.

amassa-las ire?

não sei,

não sei nada além desse meu não saber,
tão vivo em mim.

e tudo que eu ainda não vi,
e o que ei de sentir,
ou escrever?

escrevendo estou,
nada mais preciso entender.

me basta a caneta e a folha?

não, não...

nada me basta,
embora, eu, em tudo teime em bastar,

não basto...

não há o que fazer...
mesmo com tanta coisa ainda a se fazer...

tempo.

o que há de ser tempo?

nem quero mais contar,

minuto a minuto,

que se explodam os relógios,
que se rasguem calendários...

que me arrebente essa coisa a me pulsar,
o peito,

e alma,

e a vida

que se arrebente,

arrebento.

rompi com os livros 
e filosofias,
versos
e mesa.

firmei novo acordo,
comigo.

romperei este também,
mais tarde,

mas,
mais tarde é tão cedo ainda..

cedo é...

e mesmo que tarde fosse,
direi cedo ser...

é tudo tão novo e velho dentro de mim.

minhas unhas que crescem novas,
ainda grudadas no que há de antigos delas mesmas.

há de ter poesia em tanta banalidade...

nem tem.

e o que há de mim,
grudado no antigo e novo do peito?

que exploda...

que me exploda,
verso,
e vida em poesia.

rompi com os livros
e filosofias 
que me estorvam  na mesa.

mas  não rompi com bagunça nenhuma em mim,
nem romperei,

não há por quê...

não.

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