rompi com os livros,
e filosofias
que me bagunçavam a mesa,
estorvos de tudo que eu já não sou,
fui
ou
serei.
não sei, não sei...
rompi com o tédio que me vigiava a cabeceira e a cama.
me restaram folhas e folhas por amassar e rasgar.
amassa-las ire?
não sei,
não sei nada além desse meu não saber,
tão vivo em mim.
e tudo que eu ainda não vi,
e o que ei de sentir,
ou escrever?
escrevendo estou,
nada mais preciso entender.
me basta a caneta e a folha?
não, não...
nada me basta,
embora, eu, em tudo teime em bastar,
não basto...
não há o que fazer...
mesmo com tanta coisa ainda a se fazer...
tempo.
o que há de ser tempo?
nem quero mais contar,
minuto a minuto,
que se explodam os relógios,
que se rasguem calendários...
que me arrebente essa coisa a me pulsar,
o peito,
e alma,
e a vida
que se arrebente,
arrebento.
rompi com os livros
e filosofias,
versos
e mesa.
firmei novo acordo,
comigo.
romperei este também,
mais tarde,
mas,
mais tarde é tão cedo ainda..
cedo é...
e mesmo que tarde fosse,
direi cedo ser...
é tudo tão novo e velho dentro de mim.
minhas unhas que crescem novas,
ainda grudadas no que há de antigos delas mesmas.
há de ter poesia em tanta banalidade...
nem tem.
e o que há de mim,
grudado no antigo e novo do peito?
que exploda...
que me exploda,
verso,
e vida em poesia.
rompi com os livros
e filosofias
que me estorvam na mesa.
mas não rompi com bagunça nenhuma em mim,
nem romperei,
não há por quê...
não.
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