terça-feira, 25 de dezembro de 2012

25

eu to com uma puta vontade de sair pra ver o sol  nascer,
e não é porque hoje é natal,
e eu to pouco me importando se é natal ou outra porcaria qualquer...

só queria sair e parar na primeira calçada ou ponto de ônibus vazio,
e simplesmente olhar o sol nascendo, a toa e sozinho assim...

mas acontece, que embora ele nasça sozinho,
eu não quero vê-lo assim, sozinha também...

seria deprimente fazer isso...

faz tempo que essas coisas todas perderam o significado pra mim,

e escrever sobre elas já não tem me ajudado em nada.

faz tempo que escrever perdeu o significado também.

mas isso é piada velha pra mim...

o sol nascendo vai ser um espetáculo bonito hoje,
e não porque é natal,
mas porque hoje é hoje, saca?

acho que não, mas não importa se me entendem ou não...

pro inferno com tudo aquilo que vocês entendem,
suas musicas,
filmes,
poesias e poetas...

pro inferno com tudo isso, é clichê e vazio demais pra essa vida.

e pro inferno comigo também
minha musica,
filmes,
e poesias são clichês e vazios demais também, pra essa vida,

a essa hora deve ter meia duzia de calçadas vazias...

que seriam perfeitas pra qualquer um que queira sentar e ver o sol nascer e morrer...

por que não vamos?

sim, por que não vamos?!

há um mundo inteiro queimando lá fora,
em peitos inflamados de paixão,
dor e vida,

sobre tudo vida!

por que não vamos?

qualquer calçada serviria, eu sei que sim!

nossa vida inflamando ao nascer do sol...

nós,
apenas mais vivos,
sentados sozinhos em qualquer calçada...

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

se queres o abismo de si,
por que não saltas?

há uma escalada nem tão longa,
nem tão curta pelo teu caminho...

vida que te sobe pelo corpo,
entra pelos orifícios
arde e fere,
assopra e beija ferida por ferida.

raros somos todos...

dos pés a cabeça,
te subindo a paixão cega e louca,

te cegando e enlouquecendo.

raros somos todos.

raros somos todos,

ralos somos em todos...

raros somos, pois.

se queres o abismo...

por que não voas? 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

das páginas rasuradas

#3

é tudo vago e muito igual...

é 17 de dezembro de um ano muito idiota,

idiota,
como todos os anos sempre são.

a minha cara cheia de espinhas no espelho

não condiz direito com a minha idade,

e as véspera de envelhece-lo um pouco mais,

meus olhos doem
e meu peito sufoca não sei bem o que.

como poeta que sou,

sei bem de todas essas coisas, e não sei coisa nenhuma...

sei apenas que isso é um saco.


minha sanidade anda meio escassa mesmo esses dias...


tô aqui dando conselhos de como não se isolar,

trancada sozinha em casa..

eu realmente não faço muito sentindo...


e por hoje, chega de mim.


bôra tomar um café e esquecer...


não; não faço sentido mesmo.


que se dane...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

há muitas razões para se apontar o revolver,
e engatilhar,
atirar é apenas a mais objetiva.

há de perder boa parte do teu coração,
antes de encontrar qualquer razão que mereça os batimentos.

há de perder boa parte de você antes disso...

há de se perder, e apenas perder.

há de carregar o revolver,
de si,
apertar o gatilho.

e deixar que te escorra a
                                      v
                                         i  d
                                                a...

e escorra, e escorra...

sábado, 8 de dezembro de 2012

açúcar ou adoçante?

já não consigo escrever,
sem te ter no meio dos borrões dos meus versos.

arrumo a mesa e o café
sem saber se preferes açúcar ou adoçante...

se acaso chegasse, perguntaria...

meu amor, com açúcar ou adoçante?

mas não chega,
e só posso supor, que não saibas também.


é menos amargo te supor assim...

meu amor, sem açúcar ou adoçante.


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

é foda é uma máxima que te dispensa de qualquer poesia. 

é foda...

domingo, 2 de dezembro de 2012

tomando um cafezinho ruim com a dona vida,
enquanto ela vai trancando os meus cigarros pouco a pouco,

eu penso aonde foi que eu me meti...


quarta-feira, 28 de novembro de 2012

o café na caneca esquecida no canto,
esfriou,

e eu que me esqueci no canto,
esfrie.

o cigarro que me aquece os lábios,
me apaga 
dor
e peito.

e as letras e s c
                    o
                   r
                      r
                    e
                         m   e    c o r re m  de um canto a outro do corpo
                                                         no vão do
                                                                      meu peito ao
                                                                                        chão.

ao chão de mim  
ficam 
os versos,
e as cinzas de cigarros e dias mal tragados...

ao chão de mim,
fica a cinza da cinza,

hora em hora...

o café frio,
e caneca esquecida...

e eu ao lado da caneca, esquecida no canto,
ao chão 

de mim.

ardendo
só,
nos goles frios de café,  nos vãos do peito, ao chão da vida...

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

das páginas rasuradas

#2

a tarde vazia,

e esse sol que me entra insosso pelas janelas entreabertas,

ora aquece, ora aborrece.

e o peito entreaberto,
que ora aquece, 
quase sempre só me aborrece, insosso...

não há abraço que eu queira apertar.

não há janela que eu precise abrir em mim.

está tudo escancarado e queimado de sol...

e eu pálida de vida, queimada de versos.

me acostumei a isso.

me acostumei a muita coisa que não deveria,

a casa vazia,
aos pratos sujos na pia,
a caneca de café sozinha na mesa,
ao cheiro do cigarro na ponta dos dedos...

e tantas outras coisas idiotas assim.

solto calmamente  a fumaça do cigarro sozinha no banheiro,
e de porta aberta.

me acostumei a isso também...

mas sabe, gosto mais de solidão do que  de abraços, café ou de  batata frita, tem dias...

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

das páginas rasuradas

#1

não espero te encontrar nas cenas dos filmes,
ou em qualquer página de livro, 
qualquer música,
qualquer esquina... não espero te encontrar.

apenas não espero te encontrar.

a vida é um desencontro muito maior que eu e você.

e eu espero apenas os desencontros,
e os tropeções pela calçada.

o barulho dos carros cortando a chuva,
meus pés cortando a água e os próprios passos...

meus pés cortando e cortando,

o caminho que hei de seguir, é um desencontro de chão e tempo.

é sempre um desencontro...

e não espero me encontrar nas cenas dos filmes,
nas paginas dos livros,
nos versos ou nas esquinas... não espero me encontrar.

espero apenas um eterno desencontro,
entre o que fiz de mim,
e o que nunca farei.

o que fiz de mim, é isso.
é o agora, e é também o antes e o depois.

e o que eu nunca farei,
desfazendo estou 
nesse agora,
nesse depois e naquele antes e adiante,

... adiante no encontro do acaso e do tempo.

falta ou sobra tanto tempo pra encontrar em nós...

a vida é pouco mais que isso:
um desencontro numa folha rasurada.

que se rasguem.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

a tristeza é uma filha da puta...

que me faz levantar da cama no meio da noite,
e ascender todas as luzes da casa,
pra livrar o medo dela, do escuro que enche esses cômodos vazios.

a tristeza é uma filha da puta,
que me faz fumar muito  mais do que eu deveria,

e viver muito menos do que gostaria.

a tristeza é uma filha da puta,
me sussurrando palavrões e rindo da minha cara, 

quando eu não consigo dormir ou falar nada além dessa poesia rala e estupida...

é uma filha da da puta,
me esvaziando a alma e o choro,

é uma filha da puta, apenas uma filha da puta... sorria pra ela.


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

eu falava sobre a vida cotidiana,
tudo condessando em uma só frase, é claro.

e claro, que você não entendeu.

ninguém nunca entende coisa nenhuma do que eu digo,
e tudo bem...

semana após semana,
os dias infartando,
em por do sol depois de por do sol.

essa vida é inteira uma fotografia,
desfocada em sépia.

nosso peito é inteiro uma fotografia desfocada em sépia.

não poderia ser mais bonito ou feio que isso.

e andar sem rumo na chuva em dias cinza,
parece que deixa tudo menos sépia.

mas de repente só parece mesmo... 

domingo, 11 de novembro de 2012

vinte e poucas linhas...

ainda que dormisse um milhão de horas,
me acordaria exausta de mim.

os ponteiros do relógio girando, 

a casa por limpar, 
os livros por arrumar,

ladainha e ladainhar por empilhar e catalogar, 


nada disso é urgente,

ou real o bastante.

o peito pulsando e pulsando,

sim,
é tão mais urgente e real.

pulsando e pulsando, e apenas pulsando.


que me exploda na cara,

tempo e poesia.

que me exploda...


no oco do meu peito,
no amarelo dos meus dentes,

e no que mais me esvazia e me amarela
o dia 
e a poesia...

que se exploda a poesia.


o café e o cigarro que me hão de matar,

são tão mais reais e  urgentes que estes versos ralos...

o café e o cigarro, são tão mais urgentes e reais, que eu mesma às vezes.

tão mais urgentes...


e que explodam também...

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

há um cachorro aqui que não pára de latir,
no latido dele cabe mais intensidade do que nos versos e palavras de muita gente...

me pergunto se ele sabe algo da própria paixão. 

não o cachorro, mas "ele". aquele "ele" pra quem  escrevo de noite. bobagem...  bem sei que não escrevo pra ninguém além de mim, ele também não escreve pra ninguém além dele mesmo. no fundo é sempre isso.

escrever é pra ser solitário mesmo.

há uma ninhada de gatos aqui, miando e miando o principio de suas vidas,
e também eles são poços solitários de paixão.

me pergunto se ele sabe da minha da paixão. 

não sabe, nem eu sei dela realmente.

minha paixão é silencio que arde, fere, cura, serena, grita  e emudece.

minha paixão é como  um silencio sim.

e quieta está,
e estou.

e tanto o cachorro quanto os gatos, hão de passar pela vida  latindo e miando muito mais do que eu poderia.

e hão de trepar com a vida também.

sim trepar com vida,.

á  maioria de nós cabe fazer apenas isto: trepar com vida.

ele não trepa com a vida, faz amor com ela.
mas ela não retribui,
a vida quase nunca retribui... e tanto faz.

mas doí.

bem sei que doí.

amor assim deve doer.

é pra isso que é feito,
pra doer e doer,
e só depois se poder gozar o minimo de afeto dela.

se é que se goza... mas isso tudo é tolice também.

tem mesmo um cachorro latindo aqui sem parar...

e dai?

ele é um poço de paixão... somos um poço de paixão.

e cairemos bem no fundo disso,
quietos e sozinhos, 

afogados.

domingo, 4 de novembro de 2012

o cheiro do sabonete,
e meia dúzia de estrelas desenhado solidão e céu,

o que me reserva essa e qualquer noite?

me escondo e acho,
vida adentro, vida a fora.

somos resto de poeira cósmica,
chamas sobre chamas,

queimando em alma e peito,
vida
e carne.

mas pro inferno com tudo isso.

cato um sorriso,
de canto,
no meu canto.

cato estrela,
verso
e hora

que já hora, já é hora.

e hora de quê?
hora pra quê?

hora pra quem tem.
e ninguém.

senhores do próprio tempo,
escravos de ponteiros,
e relógios,

servem pra quê?
servem pra quem?

pro inferno com tudo isso também.


saudade das nossas conversas cumpridas 
sem fim nem hora.

cumpridas, cumpridas...

somos o resto,
de qualquer poeira,

a causa,
e a casualidade,

o inicio,
principiando em meio
é fim.

é sim,
é sim.


é
pó.

céu e estrela e nada.

e pro céu com tudo isso também.

pro céu, pro céu...

que só me interessa mesmo é o cheiro do sabonete,
qualquer noite cheia,
solidão,
me 
estrela.

e estrela.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

mimimimi

a minha vida é realmente um saco,
e eu não sei mais o que escrever

eu deveria gritar agora,
mas seria um ato indelicado para com os meus vizinhos,

mas eles nem sabem o meu nome,
e que fique assim...

eu deveria fazer alguma coisa,
mas eu não faço,

eu deveria querer 
querer 
qualquer coisa,

mas eu não quero

eu deveria gritar,

mas como se faz isso?

me deixe escrever as minhas merdas
quieta no meu canto.

daqui a dez anos  ninguém vai se lembrar de nada do que eu escrevi mesmo...

e se eu tiver sorte eles continuarão 
não sabendo o meu nome.

sim, sim,
se eu tiver alguma sorte...

meus vizinhos continuarão idiotas completos,
eu eu também.

bonito isso...

continuarei escrevendo merda,
quieta no meu canto.

realmente, é bonito isso...

explosions in the sky

o vestido sujo de tinta,
o maço vazio ao lado do livros amarelados.

a vida manchada de vazio do lado das folhas amassadas.

tudo tão igual,

a vida explodindo na minha cabeça.

deixe que evapore quando a chuva secar...

a vida explodindo no meu peito,
o silencio tocando 
feito música,

o vestido,
vestido de corpo e tinta,
verso folha e 
vazio,

poesia é o quê?

entre o lirico e o ordinário
verso 
folha
hora, data
banalidade é poesia...

e o tempo,
serve pra quem?

e meus dedos,
são pra quê?

deixe que a vida exploda quando o sol secar...

vestido
vestido de tinta,
corpo e alma,

e o meu peito,
é o quê?

aqui dentro 
e lá fora,

pra me fazer explodir 
e evaporar,
depois que a chuva
o sol secar.

a vida explodindo na minha cabeça...

e meu peito,
serve pra que?

a vida tão mais bonita,
explodindo na minha cabeça...
a vida é estranha pra caramba,
e até ai tudo bem, 

e não há novidade nenhuma em nada,

mas de um jeito ou de outro você deve ficar bem.

aperto os olhos tentado ler,
as placas de
pare,
siga
e vire a esquerda.

mas não leio e não viro...

a estrada é muito mais longa do que eu posso supor.

e não suponho mais nada.

joguei minhas certezas no lixo,
junto com o meu último maço vazio de cigarros.

e todo vazio,
que me permanece aqui,

guardo pra tragar mais tarde.

e nem ligo mais...

você deve ficar bem de algum modo...

as mesmas musicas tocando só na minha cabeça,
e eu dançando,
só, no meio da sala.

não ligamos pra isso também.

você deve ficar bem de alguma maneira.

sim, sim.

na primeira oportunidade,
a vida 
lhe pregará uma bela peça.

irá te acertar por traz e te derrubar...

mas você deve procurar ficar bem de algum modo.

tirar a poeria da barra das tuas calças, 
e só.

simplesmente ignore as placas de "pare" na sua cabeça,
e siga.

nada vai ficar bem...

apenas ignore e acelere, o que ainda  há de vida no teu peito.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

abismos delicados

- 450 reais emprestados.
- ah sim.
- pode?
- posso...

me diz o que eu não posso?

meu tempo e a minha paciência,
já desceram pelo ralo a muito tempo.

meu emprego é uma porcaria,
e o meu quarto tem me parecido absurdamente abafado...

essa vida também.

as folhas em brancos,
me parecem ainda mais brancas,


e esse não é um texto fácil de se escrever.

nunca é um texto fácil de se escrever,
mas é preciso.

há algo querendo explodir em mim.

não.

há algo que já explodiu em mim faz tempo...

meus versos,
são os estilhaços dessa explosão.


de um certo ponto de vista todo abismo é muito confortável
e quase irresistível.

mas não hoje...

to de saco cheio de reclamar,

eu não sou uma menininha mimada e carente assim.

sempre tive um puta orgulho dos meus tênis quase encardidos,
dos meus jeans rasgados,

e de ter passado  todo o ensino médio,
escrevendo poesia
enquanto as meninas da minha sala reclamavam dos seus namorados chatos...

sempre tive um puta orgulho de nadar contra corrente.

mas tudo isso é bobagem também.

a corrente em qual se nada é irrelevante, 
e acredite ou não, te levará ao mesmo rio deles.

com pessoas a te pedir dinheiro, ao mesmo tempo que te ignoram,

empregos medíocres,

e amores menores do que qualquer amor deveria ser.

e eu  definitivamente não quero essa vida,
das pessoas que me pedem dinheiro,
e amam pela metade.

tão pouco quero essa minha vidinha,
de quem pula de uma ladainha a outra.

se é para pular, que seja do precipício mais alto,
em uma queda linda e intensa,
e de cabeça
e em todo amor que houver nessa vida.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

céu

o céu  estrelado,
como há muito tempo não era....

e muito tempo não é nada.

toda medida é vã, 
e inexata ao coração.

fumava um cigarro na esquina 
perdida em mim
olhando o céu e as estrelas.

um cara passa e diz qualquer coisa sobre saúde e jogar a vida fora...

não quero mais escrever sobre essas coisas.

tem qualquer coisa de muito certa ou errada em mim,
que me faz arder e perder no peito...

não quero mais escrever sobre isso também.

como as coisas foram se perder assim?...

o vento soprando, bagunça meus cabelos,
me espalha as angústias
e a fumaça do cigarro pelo ar, em uma dança serena e triste...

como fui me perder assim?

eu me espalho pelo ar...

desisti de mim há muito tempo atrás,
isso não é triste, nem é alegre, 
é apenas como é.

não me importo em ser uma pessoa feliz ou infeliz.

tudo em nós é transitório e mutável demais.

e esse céu que é tão menor ou tão maior, que eu e você...

meu amor há de ser finito e infinito assim...

há de caber em algum lugar da tua estante. ou em lugar nenhum...

hei de caber em algum lugar da minha estante.  ou em lugar nenhum.

toda medida é vã,  e inexata ao coração...

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

tardes de sol meio frio

é confortável  fumar no banheiro,
escutando o barulho da água que cai do chuveiro,

e os pensamentos que me escorrem um a um,
ralo abaixo,
não são assim tão confortáveis.

existir não é nada confortável.

há  uma calma de morte nessas tardes de sol meio frio.

... e é tão difícil descrever.

tristeza pode ser algo extremamente viciante,
entornam-se 
pequenos copos dela, e pronto.

há uma beleza de morte nisso tudo.

nas tardes vazias, nos versos rasurados,
nos seus cigarros apagados, jogados na privada,

há uma beleza de morte em tudo em nós.

sonho com casas coloridas e janelas bem abertas,
beijos longos, e noites calmas...

uma vida,  não tão diferente da vida, de qualquer outro por aí:
alegremente triste, 
com tardes de sol meio frio a me aquecer.

domingo, 14 de outubro de 2012

os dois últimos cigarros no maço,
me queimam, no que eu ainda hei de tragar de solidão...

rodopiamos todos,
tontos,
e meio ocos,
ao rés do mundo...

não há o que se possa fazer.
se não rodar e rodar,
cair,
levantar,
e rodar e rodar outra vez.

a vida é um quase nada
muito cheio
e muito oco

o que somos nós?...

muitos cheios,
e muitos ocos...

apaixonados e carentes, de nós mesmos.

os dois últimos cigarros no meu maço,
me esvaziam,
no que ainda hei de queimar e tragar 
de mim...

a vida é um quase nada,
muito cheio
e muito oco,

queima e me apaga, a noite e o verso.

me traga os cigarros e o peito.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

00:34

me lembro de mim relendo os teus versos,
e tudo que passou,
e se foi.

é igual.

eu não.

minhas virgulas, reticencias, pontos e acentos,
sempre tão errados.

me rabiscam em uma saudade imensa do que já não sou...

na calmaria do meu peito,
há uma bomba prestes a me explodir,

o que eu fiz de mim,
é tão ralo,
e tolo,

todas as minhas janelas esquecidas abertas...

me encascaram a cara,
e alma,
lavada,
torcida e retorcida como a um pano velho,

pra me limpar,
ou espalhar,
o que transborda e se escorre de mim,
pelo chão.

poderia adormecer
acordar
e sonhar um milhão de vidas,
e ainda assim
dormindo estaria.

as cinzas dos meus cigarros,
as folhas e os versos
amassados
pelo chão,
me queimam e cortam a garganta e o coração,

já não faz diferença,
esquecer ou guardar...

meus dias são todos iguais outra vez.

meus versos também.

na calmaria do meu peito,
há um verso,
feito bomba a me explodir.


e eu nem ligo mais pros estragos...

sábado, 6 de outubro de 2012

eu tava conversando com um amigo, que não via a meses, na rua esses dias,
nada demais, só os mesmos assuntos de sempre...

me falou sobre morar sozinho, saraus de literatura, pessoas que não vejo faz tempo,
empregos, faculdade, e sobre o tédio que isso tudo gera, etc, etc.

fico pensando nisso tudo agora, fumando meu Marlboro, escondida no banheiro. não tem como ser mais patético que isso, 
maior de 21 fumando escondida no banheiro de casa um cigarro que você comprou com a sua própria grana... 

fico pensando nessa minha vidinha estagnada...

e não chego a qualquer conclusão.

pouca coisa tem me acontecido, e o que tem acontecido nem me vale uma linha.

parei de escrever.

sim, parei.

sabe esse amigo meu, escreve também,
o sonho dele é ser escritor, acho que é pelo menos...

nunca sonhei em escrever ou ser merda nenhuma, 
sou e escrevo qualquer coisa e ponto...

mas não tava falando disso...

tava aqui pensando que faz tempo que não escrevo nada realmente.

escrever é sentir-se,
é ir bem no fundo de si mesmo,
dar um tiro bem no meio do peito, 
agonizar
morrer, 
e depois renascer 
só pra se matar de novo mais tarde.

não é bonitinho,
nem feio
isso de escrever...

você faz pra mostrar que tá vivo afinal de contas,
só isso.

e como não me sinto assim faz tempo,
só rabisco, e não escrevo nada

fico pensando nisso tudo enquanto fumo meu Marlboro no banheiro,
devia  parar de ficar fazendo propaganda pra marca,
se fosse uma escritora famosa talvez ainda descolasse uns maços de graça, mas como não sou...

fico divagando e tragando,
o cigarro até quase chegar no filtro.

to com o saco cheio, muito cheio,
de tudo nessa cidade,
de saco cheio de tudo em mim também...

e mesmo que fosse outra pessoa, que não eu, 
em qualquer outra lugar,  que não aqui,
ainda sim, 
estaria de saco cheio,  bem sei que sim.

jogaria conversa fora com qualquer um,
e depois fumaria um cigarro do mesmo modo que agora...

eu saiu do banheiro,
com o gosto do cigarro ainda na boca,
e uma puta vontade de escarrar qualquer coisa no papel,

pego o celular, e vejo umas trocentas ligações perdidas do Lucas... e esqueço o que eu queria escrever.

ele sempre me faz esquecer...

não falo com ele a quantos dias? uns dois ou três mais ou menos.

não tenho falado com ninguém faz tanto tempo...

às vezes chego a esquecer como e pra quê se faz isso.

já passa da meia noite,
olho pro celular de novo, e não tem  nada, 
nem mensagem, nem ligação perdida de mais ninguém... 

e não faz diferença também.

toda a filosofia que eu tava guardando pra esse texto, a essa altura já era...

mas filosofia não serve pra muita coisa  mesmo...

é foda.

putz... era isso que eu queria escrever esse tempo todo:
é foda.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

rompi com os livros,
e filosofias 
que me bagunçavam a mesa,

estorvos de tudo que eu já não sou,
fui 
ou
serei.

não sei, não sei...

rompi com o tédio que me vigiava a cabeceira e a cama.

me restaram folhas e folhas por amassar e rasgar.

amassa-las ire?

não sei,

não sei nada além desse meu não saber,
tão vivo em mim.

e tudo que eu ainda não vi,
e o que ei de sentir,
ou escrever?

escrevendo estou,
nada mais preciso entender.

me basta a caneta e a folha?

não, não...

nada me basta,
embora, eu, em tudo teime em bastar,

não basto...

não há o que fazer...
mesmo com tanta coisa ainda a se fazer...

tempo.

o que há de ser tempo?

nem quero mais contar,

minuto a minuto,

que se explodam os relógios,
que se rasguem calendários...

que me arrebente essa coisa a me pulsar,
o peito,

e alma,

e a vida

que se arrebente,

arrebento.

rompi com os livros 
e filosofias,
versos
e mesa.

firmei novo acordo,
comigo.

romperei este também,
mais tarde,

mas,
mais tarde é tão cedo ainda..

cedo é...

e mesmo que tarde fosse,
direi cedo ser...

é tudo tão novo e velho dentro de mim.

minhas unhas que crescem novas,
ainda grudadas no que há de antigos delas mesmas.

há de ter poesia em tanta banalidade...

nem tem.

e o que há de mim,
grudado no antigo e novo do peito?

que exploda...

que me exploda,
verso,
e vida em poesia.

rompi com os livros
e filosofias 
que me estorvam  na mesa.

mas  não rompi com bagunça nenhuma em mim,
nem romperei,

não há por quê...

não.