domingo, 19 de maio de 2013

das páginas rasuradas

#5

não me sinto triste ou alegre aqui,

não me sinto,
e simplesmente, 
não me sinto coisa alguma.

é tarde da noite.

e tudo que deveria escrever,
não escrevo.

há tempos,
que esse tempo 
não me atrai de modo algum.

e por que deveria?

a vida pela janela do ônibus,
sempre me pareceu tão mais bonita,

irretocável,
e real...

nada além do cheiro de asfalto quente e o balançar na estrada....

nada além de mim,
asfalto
janela
e estrada, a perder de vista e vida...

mas não.

é tarde da noite,
e simplesmente tarde da noite agora.

e o que mais poderia, eu, escrever sobre a vida?

retalhos

vai se esvaindo,                                         
de pouco  
em 
pouco.

cada verso,
é uma palavra a mais
e um minuto a menos...

não há nada se possa escrever antes de viver,
não há nada,
nada, nada...

e há tão pouco,
de mim ,
pra se 
dizer...

... tão pouco de tudo,

há de se costurar vazios no escuro,
apanhar silêncios em versos
e nada mais 
que há de importar...
                                                                                                                        

são as peças soltas,
de tudo 
que já não se encaixa
mais em 
mim


e o que haveria de encaixar?
                      e o que haverá?

haverei de ver,



haverá de enxergar.


não se pode prever, 
o dançar dos ponteiros,
os enlaces
tão fora do meu tempo...



é um quebra-cabeça,
que te quebra
e me parte.





há de costurar-me o verso,
em branco,
pálidas folhas,
em pele minha.



vai se 
           e
            s   v  ai
                       n do,                                         
                                               de pouco  
                                          em 
                                                   pouco.

cada verso,
é uma palavra a mais,

um minuto
a....

                                                                                                          poesia,  em retalhos
                                                                                                  de vida,
                                                                                                      em mim.

                                                                                   

sábado, 18 de maio de 2013

maio


minha vida tem cheirado a fumaça de escapamento,
e livros usados de psicologia barata.

é ruim quando você se percebe um babaca

de vinte e poucos anos que nunca tem nada a dizer...

é ruim quando você se percebe um babaca de qualquer especie.


é simplesmente, uma da manhã,

e eu tô aqui,
olhando pra tela do meu computador, e mais nada.

não há verso ou prosa, 
que me redima da página vazia que sou nesta vida.

poderia dormir uma tarde e duas noites,

que ainda assim,
este sono não me deixaria os olhos.

e sabe deus onde eu estou...
certo é,
que aqui dentro não estou.

você pode bater na porta do que sou,
esmurrar com toda sua força,
e até um pouco mais que só isso... não vai fazer diferença alguma. não vai encontrar nada.

a verdade é que eu nunca quis saber
o que há de mais áspero fora da minha janela,

talvez por isso não tenha nada pra se olhar do lado de cá...

aquela velha historia sobre pessoas de verdade,
com problemas, de verdade...

como aquele cara em liberdade condicional reduzindo os dias da pena,
estudando na escola pública e fodida do bairro,

a garota de 29 anos, que apanha do marido e serve lanches na cozinha às 8h30...

e um punhado de outras coisas e pessoas fora da tua janela,
e que podem te afetar ou não.

no meu caso, viram sempre um poeminha ralo ou outro...

poderia ser mais que isso, mas não.

é ruim quando você se percebe um babaca
de vinte e poucos
que tem a vida cheirando a fumaça de escapamento e noites mal dormidas...

é ruim quando você se percebe um babaca 
de qualquer especie a 1 da manhã de uma sexta.

sábado, 11 de maio de 2013

me deixa arrumar os cardaços do meu sapato,
e ir.

toma de um só gole,
a estrada por debaixo dos teus pés.

há uma vontade de saltar abismo a baixo.

sempre há uma vontade de saltar abismo a baixo...