sexta-feira, 29 de março de 2013

pra qualquer noite

o toque do meu telefone,
as luzes 
na rua a noite,
as músicas que escuto,
e a minha xícara de café,

o espelho,
as fotos
e os versos,

tudo isso me parte,
e grita no peito

tudo isso, talvez ainda seja eu.

eu não sei um terço de mim,
nem de ninguém.

minha poesia é pouco menos
que filosofia de bêbado,
confusa e barata,
tal qual...

eu poderia deixar a vida,
em uma bela manhã de agosto ou setembro,

poderia te deixar os versos,
com um imã na porta da geladeira,

lhe confessando amor ou angústia,

nada disso,
nem partida ou poesia,

teria qualquer peso,
no rumo dessa minha vida,
ou da tua,
ou de qualquer um.

tem aquela música,
da minha banda preferida de anos atras,

tem aquelas frases esquecidas no caderno do ensino médio,
que eu não consigo entender a letra,

tem a faculdade por começar,
e o emprego pra aguentar,

tem a vida inteira,
pra preencher com qualquer coisa,

que ainda me falta.

sempre falta, não é?

tem o tênis pra lavar,
a conta pra pagar,

o verso pra apagar,

tem qualquer coisa pra esquecer.

sempre tem, não é?

tem tanta coisa,
e no fundo nada,
nada mesmo,
importa.

tomei um banho rápido,
para tentar espantar essa febre,
que me acompanhou boa parte da tarde.

me sentei no sofá,
e fixei meus olhos na porta de entrada.

há um descompasso em mim,
que não é muito simples de ignorar.

me levantei e fui até o portão,
não há nada na rua, além dela mesmo.

tão pouco há em mim,
outra coisa,
se não
eu.

hoje fez um bela,
bela 
noite.

e no fundo, de toda essa nossa poesia e filosofia baratas,

ela é tudo o que se quer escrever
e acariciar,

uma bela,
bela 
noite sem lua...

domingo, 3 de março de 2013

dipirona sódica

nossa vida não vale nem a tinta dessa caneta...

mas você não é daqueles caras que esperneiam e gritam.

talvez só um pouco...

todos somos,
aqueles caras que esperneiam e gritam.

tenho eu mesma, esperneado e gritado demais.

é geralmente o que acontece quando você vai ficando mais velho...

a vida não vai ficando mais bonitinha,
nem passa a fazer mais sentindo,
não, não.

não é assim que funciona.

no máximo você desenvolve uma enxaqueca ou outra...

passei  as últimas  noites a base de dipirona sódica,
e com  meia duzia de caraminholas, flutuando na minha cabeça.

a vontade de me encolher em posição fetal e assim ficar,
é grande, admito.
e ainda mais grande, conforme a dor aumenta,

mas por sorte, esses meus acessos,
de menina mimada,  não duram muito afinal...


mas é certo que eu ainda espernearia, por mais amor e menos dipirona...

é ruim ter de dizer,

mas não há verso,
prosa,
ou
poesia que nos salve, dessa nossa vida.

o que haveria pra salvar?

urf...

não fosse talvez você,
e o meu vidrinho de dipirona sódica,

eu realmente ficaria em posição fetal,
ah sim, não tenho vergonha de dizer que ficaria...