há um cachorro aqui que não pára de latir,
no latido dele cabe mais intensidade do que nos versos e palavras de muita gente...
me pergunto se ele sabe algo da própria paixão.
não o cachorro, mas "ele". aquele "ele" pra quem escrevo de noite. bobagem... bem sei que não escrevo pra ninguém além de mim, ele também não escreve pra ninguém além dele mesmo. no fundo é sempre isso.
escrever é pra ser solitário mesmo.
há uma ninhada de gatos aqui, miando e miando o principio de suas vidas,
e também eles são poços solitários de paixão.
me pergunto se ele sabe da minha da paixão.
não sabe, nem eu sei dela realmente.
minha paixão é silencio que arde, fere, cura, serena, grita e emudece.
minha paixão é como um silencio sim.
e quieta está,
e estou.
e tanto o cachorro quanto os gatos, hão de passar pela vida latindo e miando muito mais do que eu poderia.
e hão de trepar com a vida também.
sim trepar com vida,.
á maioria de nós cabe fazer apenas isto: trepar com vida.
ele não trepa com a vida, faz amor com ela.
mas ela não retribui,
a vida quase nunca retribui... e tanto faz.
mas doí.
bem sei que doí.
amor assim deve doer.
é pra isso que é feito,
pra doer e doer,
e só depois se poder gozar o minimo de afeto dela.
se é que se goza... mas isso tudo é tolice também.
tem mesmo um cachorro latindo aqui sem parar...
e dai?
ele é um poço de paixão... somos um poço de paixão.
e cairemos bem no fundo disso,
quietos e sozinhos,
afogados.
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