do esmalte que eu tirei...
não que isso valia um poema,
mas o quê valeria um a essa altura?
isso não é uma carta de amor,
embora eu até te ame,
não. isso não seria uma carta amor.
o que me valeria a escrever sobre qualquer coisa?
a angústia me ataca o peito,
e o tédio me sobe pela garganta...
me escorre pelos dedos cheirando à acetona.
melhor seria tomar um café,
e a vida de um só gole...
eu poderia me enterrar em mim mesma,
cavar
e
cavar...
cravar meu peito em verso
ou
nada.
serei PATETA
ou nada...
sim,
muito melhor do que ser poeta,
ou qualquer coisa do tipo...
mesquinho e egoísta assim.
faz tempo que eu não choro,
nem gargalho.
é um oco do tamanho de mim.
já fui menos fútil,
e mais coerente.
não que isso faça qualquer diferença, realmente.
tudo que há,
é o vão
que me fica
entre um dia e outro dia.
poderia me jogar
abismo
a
dentro do peito.
nada disso me faria diferença.
as cinzas nos cinzeiros
a imagem no espelho,
os versos
ou prosa rala que me tornei...
tudo é abismo.
me atiro
precipício a dentro
de mim.
faz tempo que eu não choro,
nem gargalho.
somos abismos lindos.
(mesmo com a vida cheirando a acetona).