domingo, 23 de fevereiro de 2014

a minha mão tá cheirando à acetona,
do esmalte que eu tirei...

não que isso valia um poema,
mas o quê valeria um a essa altura?

isso não é uma carta de amor,
embora eu até te ame,
não. isso não seria uma carta amor.

o que me valeria a escrever sobre qualquer coisa?

a angústia me ataca o peito,
e o tédio me sobe pela garganta...

me escorre pelos dedos cheirando à acetona.

melhor seria tomar um café,
e a vida de um só gole...

eu poderia me enterrar em mim mesma,

cavar
e
cavar...

cravar meu peito em verso
ou
nada.

serei PATETA
ou nada...

sim,
muito melhor do que ser poeta,
ou qualquer coisa do tipo...

mesquinho e egoísta assim.

faz tempo que eu não choro,
nem gargalho.

é um oco do tamanho de mim.

já fui menos fútil,
e mais coerente.

não que isso faça qualquer diferença, realmente.

tudo que há,
é o vão
que  me fica
entre um dia e outro dia.

poderia me jogar
abismo
a
dentro do peito.

nada disso me faria diferença.

as cinzas nos cinzeiros
a imagem no espelho,
os versos
ou prosa rala que me tornei...

tudo é abismo. 

me atiro
precipício a dentro
de mim.

faz tempo que eu não choro,
nem gargalho.

somos abismos lindos.

(mesmo com a vida cheirando a acetona). 

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