8 de julho
quando chove,
sinto falta de sol.
mas verdade não suporto o calor.
tenho sentido falta de mim,
nessas noites
em que tanto faz calar ou dizer qualquer coisa.
sinto excesso de mim,
a me transbordar
pela boca...
se é que existe isso,
de ter muito ou pouco de si pra sentir.
acho que não tem.
escureci meus cabelos
e troquei os óculos.
por deus,
o que tenho pra dizer além disso?
não há cartas para se enviar ou receber,
se quer haveria o que escrever...
o cigarro me cala a boca,
e me aquece devagarinho;
e porcamente;
qualquer coisa no peito.
me calo devagarinho
e me enlouqueço no peito.
amanhã é quarta ou quinta? nove ou dez de julho... calendários me cansam.
conto nos dedos,
essa coisa nenhuma
que estou a fazer de mim.
e é bobagem tanta reclamação...
eu espero que você não me interprete mal a ausência,
ou qualquer desproposito meu...
espero que não me interprete coisa nenhuma.
é bem verdade que faz tempo que não digo
ou escrevo
nada que se possa aproveitar.
é bem verdade que faz tempo,
qualquer coisa em mim. e só faz tempo...
bobagem...
só pega o cigarro na minha bolsa,
e me ascende mais cinco ou dez minutos de tranquilidade,
que amanhã eu abro a janela e pulo.
deixa pra lá, é só bobagem.
Vc é linda poeticamente falando...
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