quinta-feira, 9 de outubro de 2014

caos calmo

#sobre pequenas coisas

os alunos fora da sala,
papeis queimados,
corredor vazio
recreio
livros
provas de psicologia,
relógio e tédio...

ah, tudo bem.

eu deveria ter guardado o último pedaço do chocolate pra comer agora,
e o cigarro,
o café 
e o peito pra mais tarde.

talvez eu devesse encontrar um cara bacaninha pra transar
e perceber qualquer coisa de real, fora dessa tela.


tolice.

eu vou comprar uma casa,
em Recife ou Salvador,
isso é certo,
pra passar a vida a olhar pra janela de mim (e perto do mar).

dançar,
cantar
morar
e morrer sozinha.

é mais bonito do que parece.

e é triste também, mas só um pouco, e pouco importa.

eu fico feliz 
quando chove,
quando acaba a luz e quando... eu tô bem feliz. 

eu fico feliz quando o cachorro late,
o ônibus corre e as janelas estão bem abertas,

as casas coloridas,
os gatos na calçada,
os postes e suas luzes queimadas, 

também me deixam feliz.

eu  tô... vou comprar uma casa,
colorida,
em Recife ou Salvador,
e deixar todas as janelas sempre, bem abertas.  todo resto já não me importa.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

todo resto ainda é tédio

o ônibus que corta a serra de itapecerica,
me chacoalha dos pés
ao coração,

coração... 

poderia me apaixonar por dez caras diferentes, todos  os dias,
ter tantos casos quanto Beauvoir,
e acabar tão triste quanto ela,
constatando que Sartre no fundo não passava mesmo de um idiota...

mas nada disso me importa,

filosofia
romance,
serra
ou peito,

tudo é o mesmo tédio,
inquieto e certeiro que me engasga a fala,

o relógio tá correndo cada vez mais rápido.
eu não.

e é assim mesmo  que tem que ser.

eu não espero te encontrar sereno, em uma praia qualquer de santos ou RS,
eu não espero te encontrar
amor,

só espero ir.

catar silêncios e conchas do mar,

me esquecer na areia quente...

eu espero que o beijo seja longo
e a vida curta...

não há mais nada que eu possa querer além disso.

catar silêncios e conhas do mar,
e destruir um ou dois castelos
antes de me afogar.

sim, antes afogar.

porque todo resto ainda é tédio, meu bem.