o ônibus que corta a serra de itapecerica,
me chacoalha dos pés
ao coração,
coração...
poderia me apaixonar por dez caras diferentes, todos os dias,
ter tantos casos quanto Beauvoir,
e acabar tão triste quanto ela,
constatando que Sartre no fundo não passava mesmo de um idiota...
mas nada disso me importa,
filosofia
romance,
serra
ou peito,
tudo é o mesmo tédio,
inquieto e certeiro que me engasga a fala,
o relógio tá correndo cada vez mais rápido.
eu não.
e é assim mesmo que tem que ser.
eu não espero te encontrar sereno, em uma praia qualquer de santos ou RS,
eu não espero te encontrar
amor,
só espero ir.
catar silêncios e conchas do mar,
me esquecer na areia quente...
eu espero que o beijo seja longo
e a vida curta...
não há mais nada que eu possa querer além disso.
catar silêncios e conhas do mar,
e destruir um ou dois castelos
antes de me afogar.
sim, antes afogar.
porque todo resto ainda é tédio, meu bem.
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