domingo, 16 de novembro de 2014

reticências

sinto angústia em mim
e de mim.

os cigarros tragados,
o despertador,
os dedos a me percorrer sozinhos o branco dos lençóis.

só têm me ficado os versos que não consigo terminar.

só têm me salvado os versos a terminar.

um sorriso bobo às três e pouco da tarde 
em um terminal qualquer...

a garoa fina 
e o ônibus descendo a serra,

calmaria
e
tempestade. 

os dedos,
mãos,
pés,

lábios
e narizes,

tudo é tempo a me percorrer,
do despertador ao peito,

do branco dos lençóis
ao cigarro

o beijo
e a lembrança do beijo... 

só têm me ficado os versos e as reticências. 

não; só tem me salvado, amor... tuas reticências.

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