sexta-feira, 26 de outubro de 2012

abismos delicados

- 450 reais emprestados.
- ah sim.
- pode?
- posso...

me diz o que eu não posso?

meu tempo e a minha paciência,
já desceram pelo ralo a muito tempo.

meu emprego é uma porcaria,
e o meu quarto tem me parecido absurdamente abafado...

essa vida também.

as folhas em brancos,
me parecem ainda mais brancas,


e esse não é um texto fácil de se escrever.

nunca é um texto fácil de se escrever,
mas é preciso.

há algo querendo explodir em mim.

não.

há algo que já explodiu em mim faz tempo...

meus versos,
são os estilhaços dessa explosão.


de um certo ponto de vista todo abismo é muito confortável
e quase irresistível.

mas não hoje...

to de saco cheio de reclamar,

eu não sou uma menininha mimada e carente assim.

sempre tive um puta orgulho dos meus tênis quase encardidos,
dos meus jeans rasgados,

e de ter passado  todo o ensino médio,
escrevendo poesia
enquanto as meninas da minha sala reclamavam dos seus namorados chatos...

sempre tive um puta orgulho de nadar contra corrente.

mas tudo isso é bobagem também.

a corrente em qual se nada é irrelevante, 
e acredite ou não, te levará ao mesmo rio deles.

com pessoas a te pedir dinheiro, ao mesmo tempo que te ignoram,

empregos medíocres,

e amores menores do que qualquer amor deveria ser.

e eu  definitivamente não quero essa vida,
das pessoas que me pedem dinheiro,
e amam pela metade.

tão pouco quero essa minha vidinha,
de quem pula de uma ladainha a outra.

se é para pular, que seja do precipício mais alto,
em uma queda linda e intensa,
e de cabeça
e em todo amor que houver nessa vida.

Um comentário:

  1. E é na arte do adorar mais ao dinheiro do que a real possibilidade de harmonia com o outro que interessa as mentes desinteressadas de hoje. Me lembra uma frase do filme NA NATUREZA SELVAGEM:"ao em vez de dinheiro, amor, fé, fama, equidade dê-me a verdade" Abraços

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